O encontro que mudou tudo
Isabela sempre achou que viagens a trabalho eram frias e previsíveis. Malas arrumadas às pressas, voos atrasados, reuniões intermináveis e noites solitárias em quartos de hotel. Mas, naquela manhã nublada, ao entrar no café elegante do hotel, algo diferente aconteceu.
O ambiente tinha aquele charme europeu: poltronas de couro marrom, mesas de madeira polida, luz amarelada refletindo nos espelhos das paredes. O cheiro de café fresco misturava-se com o aroma adocicado de croissants recém assados. Era um lugar que convidava à pausa — e Isabela precisava exatamente disso antes de enfrentar uma agenda repleta de compromissos.
Enquanto caminhava em direção ao balcão, ajeitando os cabelos e tentando parecer calma, seus olhos pararam nele. Lucas estava sentado em uma mesa próxima à janela. O laptop aberto diante de si mostrava gráficos e números, mas ele não parecia prestar atenção. Assim que percebeu a presença dela, ergueu os olhos e sorriu.
Foi um sorriso lento, confiante, carregado de um magnetismo inexplicável. Por um instante, Isabela sentiu o chão desaparecer sob seus pés. O barulho de xícaras tilintando, vozes em segundo plano e até mesmo o burburinho da cidade ficaram distantes. Restaram apenas o olhar dele e o coração dela acelerado.
Primeiras impressões intensas
Lucas tinha um jeito descontraído, mas havia algo nele que chamava atenção além da aparência. O cabelo escuro caía de forma rebelde sobre a testa, e os olhos possuíam um brilho enigmático que parecia decifrar segredos. O perfume amadeirado, mesmo à distância, chegava até ela, misturando-se ao aroma de café.
Isabela respirou fundo e tentou se concentrar no pedido, mas não conseguiu. Cada movimento dele parecia desenhado para capturar sua atenção. O modo como fechou o laptop devagar, como se tivesse decidido que o trabalho poderia esperar. O gesto despreocupado de levar a xícara aos lábios. O olhar que voltou a encontrar o dela e não recuou.
Era como se ele tivesse escolhido o momento exato para derrubar suas defesas.
A conversa inesperada
Ele se levantou e caminhou até o balcão. Aproximou-se com naturalidade, como se aquilo fosse inevitável, e disse em um tom baixo e firme:
“Bom dia.”
A voz dele tinha gravidade suficiente para fazê-la estremecer, mas havia também uma suavidade convidativa, quase íntima.
“Bom… dia”, respondeu ela, tentando parecer indiferente, mas sentindo o calor subir às bochechas.
Ele sorriu outra vez, arqueando uma sobrancelha de modo provocador.
“Nunca vi você por aqui antes. Trabalho ou lazer?”
“Trabalho”, respondeu ela, ajeitando a alça da bolsa. “Mas talvez eu encontre tempo para… lazer.”
A frase escapou antes que ela pudesse controlar. E, no instante seguinte, percebeu que ele havia notado o duplo sentido. O sorriso dele se alargou, como quem aceita um desafio silencioso.
Pequenos gestos, grandes sinais
Eles seguiram conversando, primeiro sobre trivialidades — o café da cidade, o trânsito caótico, a decoração aconchegante do lugar. Mas logo a conversa tomou outro rumo. Lucas tinha uma habilidade quase natural de conduzir o diálogo, de extrair respostas dela sem esforço, de fazer com que cada palavra parecesse carregada de algo mais.
“E você? Sempre tão séria ou só quando está de viagem?”, provocou ele, inclinando-se levemente para ouvir melhor.
Isabela riu, surpreendendo-se com a própria naturalidade. “Depende de quem está perguntando.”
A cada resposta, a tensão aumentava. Pequenos toques acidentais — o roçar dos dedos quando ambos pegaram um guardanapo, o ombro que quase encostou no dela quando se aproximaram do balcão — se transformavam em faíscas silenciosas.
Isabela percebeu que, de repente, não estava apenas conhecendo um estranho. Estava sendo desafiada, testada, provocada.
O jogo de olhares
O que a deixou ainda mais inquieta foi a intensidade com que ele a observava. Não era um olhar vulgar ou invasivo. Era profundo, como se quisesse enxergar além da fachada de mulher profissional e independente que ela sempre exibia.
E ela se sentiu vulnerável. Vulnerável e, ao mesmo tempo, viva.
Tentou desviar os olhos, mas não conseguiu. Cada vez que voltava a encará-lo, tinha a sensação de que estava caindo em um abismo do qual não queria sair.
“Você sabe que está brincando com fogo, não sabe?” — disse Lucas em tom baixo, quase como um segredo compartilhado.
O coração dela disparou. “E você sabe que nem sempre tenho medo do fogo…”
O dilema interno de Isabela
Enquanto conversavam, uma batalha acontecia dentro dela. Parte de Isabela gritava para manter distância, para não se deixar levar por alguém que conhecera minutos antes. Mas outra parte — mais forte, mais impulsiva — implorava para se entregar ao que estava sentindo.
Ela se perguntou se aquilo era apenas atração física ou se havia algo mais. Afinal, como alguém poderia mexer tanto com ela em tão pouco tempo?
Lucas parecia perceber cada detalhe da hesitação dela. E, em vez de recuar, avançava com cuidado, medindo cada palavra, cada gesto.
“Você não me parece o tipo de pessoa que foge das próprias vontades”, murmurou ele, quase encostando os lábios em seu ouvido.
Um arrepio percorreu sua espinha.
O suspense final
Isabela sabia que precisava se afastar. Que deveria voltar à rotina, às reuniões, aos compromissos. Mas, naquele instante, nada parecia mais importante do que a intensidade daquele olhar e a promessa silenciosa que ele carregava.
Ela pegou a xícara, tentando recuperar o controle, mas sentiu as mãos tremerem. Lucas a observava, paciente, como se tivesse todo o tempo do mundo.
E então, com a voz baixa e firme, ele lançou a pergunta que a deixou sem ar:
“Tem certeza de que quer continuar brincando com isso?”
O mundo parou. O café seguiu cheio, pessoas riam, garçons circulavam. Mas, para ela, tudo desapareceu. Só existiam os olhos dele e a decisão que teria de tomar.
Isabela saiu dali com o coração acelerado e uma certeza assustadora: aquele encontro era apenas o começo de algo grande, intenso e impossível de ignorar.
E, no íntimo, a pergunta que ecoava era simples, mas devastadora:
O que ele faria a seguir?
Para ter acesso a mais novelinhas como essa, baixe o app NovelToon em seu Android ou iOS.
